51- 1974: ANO DE ENCERRAR A FACULDADE
Formei-me naquele ano de 1974. Não houve festa,
porque, “modernos”, nós nos recusamos a comemorar, para tristeza de nossos
pais. Completei o curso, e festejamos (intimamente) com cafezinho e brigadeiro,
na sala de Beatriz Coelho, a diretora. Dureza ia ser, a partir dali, partir
para minha definição profissional. Mesmo que Chiara um dia houvesse me dito que
meu futuro profissional estava garantido, eu tive a inquietação natural de quem
tem um diploma na mão e um futuro amedrontador pela frente. Meu medo era de que
aquilo tudo não desse certo. Se eu tivesse estudado Engenharia, por exemplo,
teria o futuro garantido. Essa é só uma suposição: todos já sabem de minha
aversão às ciências exatas.
Naquele ano e no seguinte, devo ter me
apaixonado umas cinco vezes: paixões platônicas, que eu não tive coragem de
declarar. Por causa disso, daquela timidez que me contaminou, tive pouquíssimas
namoradas naquele tempo.
Em 1975 as coisas estabilizaram-se um
pouco, quando trabalhei com Yara Tupinambá no painel da Câmara de Vereadores.
Aquele dinheiro garantiu-me a sobrevivência por um bom tempo. Depois, quase no
fim do ano, Sandra dividiu comigo as ilustrações de uma nova série da Editora
Lê: quatro volumes de Comunicação e Expressão, para o primeiro grau. Respirei
melhor ainda. Pude pagar umas dívidas e reorganizar a minha vida. Depois,
outras ilustrações me ajudaram a organizar meus rumos.
Pude então tocar a vida com menos culpa.
Naquele ano visitei pela segunda vez a Bienal de São Paulo. “Overdose de
cultura”, dizíamos, eu, Sandra e outros amigos. Pela primeira vez, fui ao Masp.
Chorei na frente das “Meninas” (Rosa e Azul) de Renoir.
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